Questão de produtividade: O que conta realmente para você = trabalhar mais tempo para ser mais produtivo ou trabalhar menos tempo e produzir mais?
Eis a questão que Domenico de Masi sugeriu ao escrever o clássico livro “O Ócio Criativo”. Parece que o desafio de produzir mais e ao mesmo tempo ter mais tempo livre, vem sendo uma questão iminente nas nossas cabeças.
Afinal, é preciso trabalhar menos para ter mais tempo livre e ser mais produtivo ou melhorar a organização do trabalho pela gestão das empresas para que as pessoas sejam mais produtivas?
Essa discussão não é nova no Brasil e no mundo é antiga. Desde 1935 a Organização Internacional para o Trabalho (OIT) recomenda a redução da jornada de trabalho para minimizar o desemprego em todo o mundo. Aqui em terras tupiniquins, a Constituição Federal de 1988, reduziu a jornada de trabalho de 48 para 44h semanais.
Ilustrando, entre 1992 a 2008, segundo a OIT, no mundo a média de horas trabalhadas por semana foram reduzidas de 42,8 para 40,9. A redução mais relevante ocorreu na faixa da população que afirmava trabalhar mais de 44 horas semanais, de 43,3% em 1992 para 33,9% em 2008.
Nessa questão, há quem afirme que a redução da jornada de trabalho causaria desemprego. Porém, dados do Dieese apontam que a redução da jornada atual de 44 para 40 horas geraria até 3 milhões de novos postos de trabalho (nisso considere uma possível redução proporcional dos salários também)
Mas há também quem defenda que diminuir a carga horária não necessariamente aumentaria a qualidade de vida das pessoas, principal alvo do tema. Há que se considerar que menos horas de trabalho poderia levar pessoas a trabalharem mais em um segundo emprego.
Mas esse fato, não é a justificativa para não se discutir a diminuição da jornada, pois o tempo livre de cada é propriedade de cada um.
Prazer e trabalho
Parece que essa equação começa a ser fechada quando pensamos em alguém que trabalhou 10-12 horas num dia e sentiu-se extremamente produtivo (parece que existe mais o efeito contrário, causado pelos ladrões da produtividade já discutido aqui em um post anterior).
O trabalho então passa pela questão da satisfação, do prazer. Tentar conciliar satisfação e trabalho parece ser a chave – talvez não a única – para tratar essa temática. Outra questão envolve a questão família-lazer que está ficando cada vez mais tênue. A sabedoria precisa ser aplicada caso a caso.
Finalmente, um caminho que vejo é que o trabalhador brasileiro poderia ter a opção de definir sua jornada ou ter a flexibilidade de renegociar a sua jornada, tentando conciliar seus interesses com os interesses da empresa.
Em algumas situações de crise, por exemplo, isso poderia significar menos desemprego. Nos EUA, quem é contratado pode escolher receber por semana (wage) ou por mês (salary). Isso é um exemplo de ter algum poder de escolha, algo que não temos no Brasil.
Material de apoio: Revista Brasileira de Administração no. 103, Nov/Dez de 2014.
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